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Esquizofrenia dá direito a benefício previdenciário? Entenda os direitos de quem enfrenta essa condição

A esquizofrenia é um dos transtornos mentais mais graves e complexos, afetando o pensamento, as emoções e o comportamento da pessoa. Essa condição pode gerar sérias limitações para o convívio social e o desempenho das atividades profissionais.
Mas afinal, quem tem esquizofrenia pode ter direito a auxílio-doença, aposentadoria por incapacidade permanente ou até ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)? É o que vamos explicar neste artigo, com base na legislação previdenciária e nas práticas de perícia do INSS.

O que é a esquizofrenia e como ela afeta a capacidade laboral

A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que provoca distorções na forma como a pessoa percebe a realidade. Pode haver delírios, alucinações auditivas, fala desorganizada, comportamento imprevisível e, em muitos casos, perda da capacidade de concentração e raciocínio.
Esses sintomas tornam o convívio social e o trabalho extremamente desafiadores, especialmente quando o quadro não está controlado por tratamento contínuo. Por isso, a esquizofrenia é reconhecida pela medicina e pelo INSS como uma doença que pode gerar incapacidade total e permanente para o trabalho.

A esquizofrenia é reconhecida pelo INSS?

Sim. A esquizofrenia está incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) sob o código F20, e é reconhecida pelo INSS como uma doença psiquiátrica grave.
No entanto, o simples diagnóstico não garante o benefício. É necessário que a doença cause incapacidade para o trabalho ou para a vida independente, comprovada por laudos médicos e perícia. O INSS avalia o impacto funcional da doença, isto é, se a pessoa consegue ou não exercer suas atividades profissionais habituais, mesmo com tratamento.

Quais benefícios podem ser concedidos para quem tem esquizofrenia

Os principais benefícios previdenciários e assistenciais que podem ser concedidos são:

  • Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença): para casos em que o segurado precisa se afastar temporariamente das atividades por agravamento do quadro.
  • Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez): quando a doença impede o retorno definitivo ao trabalho.
  • BPC/LOAS: benefício assistencial para pessoas com deficiência e baixa renda, quando não há condições de trabalho nem meios de sustento.

Requisitos para o auxílio-doença e a aposentadoria por incapacidade

Para os benefícios previdenciários, é preciso que o segurado:

  • Tenha qualidade de segurado (esteja contribuindo ou dentro do período de graça);
  • Tenha cumprido a carência mínima de 12 contribuições mensais, salvo nos casos em que a incapacidade decorra de acidente ou doenças especificadas em lei;
  • Comprove, por meio de laudos e perícia, que está incapacitado para o trabalho.

No caso da esquizofrenia, o cumprimento da carência é exigido, mas o benefício pode ser concedido mesmo se a doença se manifestar após o início das contribuições — desde que tenha relação direta com a incapacidade atual.

A esquizofrenia pode dar direito à aposentadoria permanente

Quando o quadro é considerado irreversível ou sem perspectiva de reabilitação, o INSS pode conceder a aposentadoria por incapacidade permanente.
Geralmente, isso ocorre quando o tratamento não consegue estabilizar os sintomas de forma duradoura, ou quando o segurado apresenta crises recorrentes que impedem qualquer adaptação profissional.
Nesses casos, a perícia analisa não apenas o diagnóstico, mas a história clínica, a adesão ao tratamento e o histórico de internações.

Como funciona o BPC/LOAS para pessoas com esquizofrenia

Quem nunca contribuiu com o INSS ou não possui qualidade de segurado pode requerer o BPC/LOAS, previsto no art. 20 da Lei 8.742/1993 (LOAS).
Esse benefício é concedido a pessoas com deficiência de longo prazo que causem impedimentos para o trabalho e a vida independente, desde que a renda familiar por pessoa seja inferior a ¼ do salário mínimo (ou até um pouco mais, conforme interpretação judicial).
A esquizofrenia, quando comprovada com laudo médico, pode se enquadrar como deficiência mental de natureza duradoura, dando direito ao benefício assistencial.

Documentos importantes para o pedido de benefício

Os principais documentos que devem acompanhar o pedido no INSS são:

  • Documento de identificação e CPF;
  • Carteira de trabalho ou comprovantes de contribuição;
  • Laudos psiquiátricos detalhados (com CID, histórico clínico e medicação utilizada);
  • Relatórios médicos recentes com informações sobre o estado atual e prognóstico;
  • Receitas e exames complementares;
  • Declarações de internação hospitalar, se houver;
  • Comprovante de renda do grupo familiar (para o BPC/LOAS).

A qualidade e a clareza dos laudos médicos são decisivas para o resultado da perícia.

O papel da perícia médica do INSS

A perícia é a etapa mais importante do processo. O perito avalia se a doença realmente impede o exercício da atividade profissional e se há possibilidade de reabilitação.
No caso da esquizofrenia, a avaliação psiquiátrica é essencial, pois o perito precisa observar o comportamento, o histórico de crises, a adesão ao tratamento e a presença de sintomas psicóticos.
É comum que o INSS convoque o segurado para reavaliações periódicas, especialmente quando há possibilidade de melhora com o tratamento.

Reabilitação profissional: é possível voltar ao trabalho?

Nem todos os portadores de esquizofrenia ficam permanentemente incapacitados.
Em alguns casos, o tratamento contínuo, o uso de medicação e o acompanhamento psicológico permitem estabilizar o quadro, possibilitando o retorno ao trabalho, ainda que com limitações.
O INSS pode encaminhar o segurado para programas de reabilitação profissional, buscando funções compatíveis com sua condição de saúde.
No entanto, se a tentativa de reabilitação for inviável, o benefício pode ser convertido em aposentadoria por incapacidade permanente.

O papel do advogado nesses casos

O advogado previdenciarista tem papel essencial em todo o processo.
Ele orienta o segurado sobre quais provas médicas apresentar, auxilia na formulação correta do pedido administrativo, e, em caso de indeferimento, atua na via judicial, fundamentando o direito com base em precedentes e na legislação.
Além disso, o advogado tem o dever ético de atuar com empatia e sensibilidade, considerando que o segurado enfrenta uma condição de grande fragilidade emocional e social.

Considerações finais

A esquizofrenia é uma doença grave, que exige acompanhamento médico contínuo e apoio social.
Quando causa incapacidade para o trabalho, o segurado tem direito à proteção previdenciária, seja por meio do auxílio-doença, da aposentadoria por incapacidade permanente ou do BPC/LOAS, conforme o caso.
O fundamental é comprovar, com documentação adequada e acompanhamento jurídico, que a doença compromete de forma significativa a capacidade laboral e a vida independente.
O reconhecimento desse direito é uma forma de garantir dignidade e amparo às pessoas que enfrentam uma das condições de saúde mental mais desafiadoras da atualidade. A atuação do advogado é indispensável para orientar o segurado em cada etapa do processo, garantindo que seus direitos sejam plenamente reconhecidos e efetivados.

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