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Epilepsia dá direito a benefício do INSS? Entenda o que é preciso comprovar

Epilepsia dá direito a benefícios do INSS?

A epilepsia é uma condição neurológica que pode afetar profundamente a vida cotidiana e profissional de quem convive com ela. Caracterizada por crises recorrentes e imprevisíveis, a doença compromete a concentração, os reflexos e a capacidade de desempenho em diversas atividades.

Diante dessas limitações, muitas pessoas diagnosticadas com epilepsia têm dúvidas sobre o direito a benefícios do INSS, como o auxílio por incapacidade temporária, a aposentadoria por incapacidade permanente e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).

Neste artigo, você vai entender em quais situações a epilepsia pode gerar direito a um benefício previdenciário, como comprovar a incapacidade, quais documentos apresentar e qual é o papel do advogado previdenciário na defesa desse direito.

O que é epilepsia e como ela afeta a capacidade de trabalho

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por descargas elétricas anormais no cérebro, que provocam crises convulsivas ou episódios de ausência de consciência. Essas crises variam em frequência e intensidade, podendo ser leves e controladas por medicamentos ou graves e incapacitantes.

Nos casos mais severos, o segurado pode apresentar queda repentina, desorientação, perda de memória temporária, movimentos involuntários e risco de acidentes, tornando inviável o exercício de atividades que exigem atenção contínua, reflexos rápidos ou operação de máquinas.

Assim, a epilepsia pode reduzir parcial ou totalmente a capacidade de trabalho, gerando direito à proteção previdenciária.

Quais benefícios o segurado com epilepsia pode solicitar

O INSS reconhece o direito a diferentes benefícios, conforme o grau de incapacidade do segurado e sua condição socioeconômica. Os principais são:

  • Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença): concedido quando a incapacidade é temporária e há possibilidade de recuperação com tratamento adequado.
  • Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez): destinada a quem não possui condições de retornar ao trabalho, mesmo após tratamento e reabilitação.
  • Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS): voltado a pessoas com deficiência ou idosos de baixa renda, nos casos em que a epilepsia causa impedimentos de longo prazo e o segurado não contribui para o INSS.

Cada benefício exige análise médica e documental específica, e é indispensável comprovar que a epilepsia realmente compromete a capacidade laboral.

Epilepsia e o requisito de carência no INSS

Para a maioria dos benefícios previdenciários por incapacidade, é necessário cumprir um período mínimo de carência de 12 contribuições mensais, conforme o artigo 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91.

Diferentemente de doenças como câncer, AIDS ou cardiopatia grave, que estão expressamente previstas no artigo 151 do Decreto nº 3.048/1999 e dispensam esse requisito, a epilepsia não consta na lista de enfermidades que isentam o segurado da carência.

Isso significa que, para ter direito ao auxílio por incapacidade temporária ou à aposentadoria por incapacidade permanente, o segurado com epilepsia deve ter contribuído por, pelo menos, 12 meses antes da incapacidade, salvo nos casos de acidente de qualquer natureza ou agravamento de doença preexistente, quando a carência pode ser flexibilizada.

Essa exigência reforça a importância de manter as contribuições em dia, pois elas garantem o acesso aos benefícios em caso de incapacidade.

Já para o BPC/LOAS, não há carência, pois se trata de benefício assistencial, destinado a pessoas com deficiência ou idosos em situação de vulnerabilidade social — independentemente de contribuições ao INSS.

Como comprovar a epilepsia no INSS

A comprovação da epilepsia é feita por meio de laudos médicos, exames neurológicos e relatórios clínicos atualizados, que devem conter:

  • Diagnóstico com o CID G40 (classificação internacional da epilepsia);
  • Descrição do tipo e frequência das crises;
  • Relato do histórico clínico e tratamentos realizados;
  • Indicação da medicação utilizada e resposta ao tratamento;
  • Descrição das restrições funcionais que impedem o trabalho.

Essas informações são fundamentais para que o perito do INSS possa avaliar a intensidade da incapacidade e o prognóstico clínico.

Exames e documentos que reforçam o pedido

Além do laudo médico, alguns documentos e exames complementares são essenciais para fortalecer o pedido administrativo:

  • Eletroencefalograma (EEG);
  • Ressonância magnética cerebral;
  • Relatórios neurológicos e de internações hospitalares;
  • Receitas médicas e comprovantes de uso contínuo de anticonvulsivantes;
  • Atestados de afastamento do trabalho;
  • Histórico de crises documentadas.

Esses registros mostram o histórico e a persistência da condição, demonstrando ao INSS que a epilepsia é crônica e interfere diretamente na capacidade laboral.

Como funciona a perícia médica do INSS

A perícia médica é a etapa decisiva do processo de concessão de benefícios. O perito analisará os documentos apresentados e fará uma avaliação clínica presencial para determinar se a doença realmente impede o trabalho.

Durante a perícia, o profissional do INSS verifica:

  • Se as crises são controladas por medicamentos;
  • Se há risco à integridade física do segurado ou de terceiros;
  • Se é possível a reabilitação profissional em outra função;
  • Se o tratamento pode permitir o retorno ao trabalho.

É importante que o segurado apresente todos os laudos e exames recentes, pois qualquer falta de informação pode levar ao indeferimento.

Caso o pedido seja negado injustamente, o segurado pode apresentar recurso administrativo no próprio INSS ou ingressar com ação judicial, onde muitas decisões reconhecem o direito ao benefício diante de provas médicas consistentes.

Documentos necessários para solicitar o benefício

Antes de realizar o requerimento, é fundamental reunir toda a documentação.
Os principais documentos são:

  • Documento de identificação (RG e CPF);
  • Comprovante de residência atualizado;
  • Carteira de trabalho, carnês de contribuição ou extrato do CNIS;
  • Laudos e relatórios médicos com o CID G40;
  • Exames neurológicos (EEG, ressonância, tomografia, entre outros);
  • Atestados de afastamento e receitas médicas;
  • Comprovante de renda (para o caso do BPC/LOAS);
  • Inscrição no Cadastro Único (CadÚnico), obrigatória para o BPC.

Organizar corretamente esses documentos é essencial, pois a ausência de provas médicas completas é uma das principais causas de negativa de benefícios no INSS.

Como fazer o pedido do benefício

O requerimento pode ser feito de duas formas:

  1. Online, pelo site ou aplicativo Meu INSS;
  2. Presencialmente, em uma agência do INSS, mediante agendamento prévio.

Após o protocolo, o INSS realiza a análise documental e agenda a perícia médica.
O prazo médio de resposta é de aproximadamente 45 dias, podendo variar conforme a localidade e a demanda de atendimentos.

Se o benefício for indeferido, o segurado tem direito de recorrer administrativamente ou procurar a Justiça Federal para revisão da decisão.

Casos em que o benefício pode ser negado

Nem todo diagnóstico de epilepsia gera direito automático a benefício. O pedido pode ser negado quando o perito entende que:

  • As crises estão totalmente controladas com medicamentos;
  • O segurado pode ser reabilitado em outra função;
  • A incapacidade não é considerada total e permanente;
  • Há ausência de documentos médicos atualizados.

Nesses casos, é importante buscar orientação jurídica, solicitar nova perícia e apresentar provas adicionais que demonstrem a real limitação funcional.

O papel do advogado previdenciário

Embora o pedido possa ser feito diretamente pelo segurado, a atuação de um advogado previdenciário é altamente recomendável.

O profissional especializado tem papel essencial em várias etapas do processo:

  • Orienta sobre qual benefício é mais adequado;
  • Auxilia na organização dos documentos e preparo para a perícia;
  • Elabora recursos administrativos contra indeferimentos;
  • Ajuíza ações judiciais quando o direito é negado;
  • Pode solicitar tutela antecipada (liminar) para garantir o pagamento do benefício em situações urgentes.

A experiência técnica do advogado aumenta consideravelmente as chances de sucesso e evita erros que podem atrasar o processo.

Conclusão

A epilepsia é uma condição neurológica que, em muitos casos, pode gerar direito a benefícios do INSS, desde que comprovada a incapacidade para o trabalho ou a limitação grave e duradoura.

Entretanto, a epilepsia não dispensa o cumprimento da carência mínima exigida por lei, salvo em situações específicas de acidente ou agravamento súbito. Por isso, é importante manter as contribuições previdenciárias em dia e reunir provas médicas consistentes.

Contar com o apoio de um advogado previdenciário é essencial para conduzir o processo de forma correta, evitando falhas e garantindo que o direito seja reconhecido o quanto antes.

Garantir o benefício não é apenas um ato jurídico , é uma forma de assegurar dignidade, estabilidade financeira e acesso à proteção social para quem enfrenta as limitações causadas pela epilepsia.

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